Este mês, o Avila Spaces deu uma entrevista ao Magazine Imobiliário sobre as novas tendências dos modelos de trabalho, que transcrevemos de seguida. Magazine Imobiliário Entrevista Avila Spaces – CEO Carlos Gonçalves Como vê o mercado de escritórios, nomeadamente de espaços de trabalho flexíveis, em Portugal, antes, durante e depois do Estado de Emergência? O contexto de Pandemia veio acelerar uma tendência que já se verificava: a adopção do chamado "modelo híbrido", que permite que os colaboradores trabalhem a partir de outros locais, para além dos escritórios da empresa. Com o confinamento, grande parte dos profissionais trabalharam a partir de casa, sendo que muitos deles estão a sentir-se isolados e com necessidade de contacto social com os colegas de trabalho. Apesar das novas tecnologias facilitarem o trabalho à distância, é importante manter o vínculo emocional à empresa e preservar a cultura das organização, daí que os espaços de cowork corporativos estão a ser uma solução procurada por muitas empresas que querem dar aos seus colaboradores uma alternativa ao "home office". É claramente uma solução "win-win": as empresas podem dispensar área de escritório e os profissionais conseguem ser mais produtivos e ter reuniões de trabalho num terceiro espaço: gastam menos tempo em deslocações e estão mais tempo com a família. Em Abril registaram um aumento de 38% por escritórios virtuais. Como tem sido a evolução desde essa data? Mantemos essa tendência. Nos períodos de crise, regista-se sempre uma forte procura do serviço de escritório virtual, não só pela poupança que representa para as empresas - entre 70% a 90% dos custos - mas acima de tudo porque lhes permite manter a operação com todos os serviços essenciais à sua actividade: morada de prestígio no centro de Lisboa, atendimento telefónico profissional, recepção de correspondência e utilização de salas de reunião e postos de trabalho em cowork. É um serviço interessante, não só para as empresas que estão a fazer "downsizing", mas também para aquelas que procuram explorar oportunidades de negócio e fazer prospecção comercial em Lisboa. O custo mensal varia entre os 50 Eur e os 80 Eur mais IVA. Entre trabalhar a partir de casa ou do escritório, o coworking surge como uma forma alternativa e, talvez, mais viável e vantajosa dado o actual cenário de incertezas e de dificuldades económicas. Concorda? O Cowork faz todo o sentido no contexto actual. Contudo, as empresas têm que garantir que estes espaços oferecem um serviço de qualidade em diversas vertentes: desde a tecnologia de última geração e segurança de rede informática, salas de reunião e postos de trabalho confortáveis, com boas condições de ergonomia, privacidade, isolamento acústico e - principalmente nesta fase de pandemia - cumprimento de boas práticas de higiene e segurança. Para além destes aspectos, há ainda a realçar as oportunidades de networking que os espaços de cowork proporcionam. No caso do Avila Spaces, dispomos de uma rede social interna - o Avila Connect - e eventos que organizamos regularmente no nosso Business Lounge, envolvendo clientes e parceiros. Setembro e Outubro são meses que muitas empresas estabeleceram para o regresso dos colaboradores aos escritórios, enquanto há outras empresas mais cautelosas que só preveem essa realidade para 2021. Na sua opinião, qual será o cenário mais realista? As empresas vivem diferentes realidades e julgo que estão a definir estes "timings" de acordo com as respectivas experiências de teletrabalho e também as expectativas dos colaboradores relativamente ao regresso à rotina de trabalho no escritório. Uma coisa é certa: as empresas estão a ponderar vários cenários, cuja implementação dependerá, em parte, da evolução da pandemia e das várias alternativas de local de trabalho que os profissionais terão à sua disposição. Fazendo parte da eOffice International Network, qual o feedback que tem obtido relativamente aos espaços flexíveis de trabalho a nível internacional neste período de incertezas? Portugal está em linha com o que acontece nos países desenvolvidos. No Barómetro sobre o Teletrabalho que o Avila Spaces publicou em Junho passado, concluímos que a experiência de trabalhar fora da empresa no período de confinamento foi positiva para 84,1% dos inquiridos. Quando questionados sobre a regularidade desse mesmo trabalho, 30,4% afirma que gostaria de trabalhar fora do escritório uma vez por semana, 28,9% gostaria de trabalhar fora sem uma periodicidade definida e 18,6% gostaria que este modelo fosse permanente. Ainda é cedo para fazer balanços mas acredito que, tendo em conta os dados do nosso Barómetro e de outros estudos internacionais, as pessoas gostariam de ter um modelo híbrido onde seja possível trabalhar fora do escritório, pelo menos uma vez por semana. Isto acaba por ser natural numa primeira fase, uma vez que nenhuma empresa vai pedir o regresso de todos os colaboradores simultaneamente, devido aos perigos de contágio, mas no futuro esta flexibilidade será cada vez mais uma realidade, seguindo a tendência que se verificava antes da Pandemia. Carlos Gonçalves CEO Avila Spaces |