Brad Neuberg, que há 9 anos fundou o movimento do Coworking em São Francisco, certamente não imaginaria o impacto que este simples conceito viria a ter na vida das pessoas e das organizações, transformando definitivamente a forma como milhares de pessoas trabalham em todo o mundo.
Hoje, o Coworking é mais do que um movimento e uma tendência. Se há sinais típicos de um mercado saudável, maduro e competitivo eles residem nos seus níveis de inovação – tecnológica ou não – e nas tentativas de disrupção por via de novas ideias e conceitos. Hoje, o Coworking continua não só em acelerado crescimento global (prevê-se que passe dos actuais 3.500 para os 13.500 em 2018) como exibe todos estes sinais de vitalidade, transformando-se numa autêntica indústria à escala global. A forma como a tecnologia veio alterar o modo como as pessoas e as organizações trabalham – dando-lhes maior mobilidade, flexibilidade e eficiência – contribuiu, e muito, para a disseminação do coworking. A forte inovação – quer tecnológica quer no tipo de espaços ou serviços disponibilizados – foi bem visível no mês passado em Lisboa, onde decorreu a 4º edição do Coworking Europe Conference, que reuniu cerca de 300 pessoas e mais de 50 speakers dos 4 continentes. A par da inovação vão surgindo também tentativas disruptivas no Coworking. Uma das mais recentes e talvez mais polémica – mas o futuro o dirá - dá pelo nome de Nomatik Coworking e assenta numa plataforma tecnológica. Trata-se de uma plataforma de coworking online/offline que liga (on-line) profissionais com interesses e necessidades comuns permitindo-lhes trabalhar em conjunto (offline). O objectivo, garantem, é por, um lado, criar oportunidades para freelancers e, por outro lado, funcionar como ligação entre empresas e freelancers em projectos comuns. E por detrás deste conceito está uma simples evidência. Hoje, 35% da força de trabalho da economia norte-americana são freelancers. Em 2020, serão 40%. Actualmente os estudos apontam para que as designadas gerações Y e Z seja constituída em grande parte por freelancers e empreendedores que procuram um estilo de vida que lhes garanta maior flexibilidade, mais autonomia na carreira e retorno financeiro. As empresas começam também aos poucos a ajustarem-se a esta realidade e os casos recentes das norte-americanas Coca-Cola e Zappos são apenas exemplos deste novo paradigma. Os olhos estão assim postos no Nomatik cujo projecto irá arrancar nos Estados Unidos nas próximas semanas. Se vingar e for um sucesso irá também ter impacto num dos conceitos base do espírito do coworking que passa por "retirar” as pessoas de casa e dos coffee shops, substituindo o isolamento pelo contacto pessoal com outros profissionais em espaços colaborativos, onde fervilha o espírito de parceira e o networking. O mercado e o futuro encarregar-se-ão de mostrar se este conceito vingará em modo online, mas esta iniciativa revela o quão saudável, maduro e competitivo é hoje o sector do Coworking. Carlos Gonçalves
CEO do Avila Business Center e Avila Coworking |