O Mundo tem estado num paradoxo preocupante: se por um lado há cada vez mais ferramentas para poupar tempo; por outro lado, há cada vez menos Tempo e o que resta é cada vez mais o luxo deste século.
Ter riqueza pode já não significar ter dinheiro, mas acima de tudo tempo para usufruir dos benefícios do capital que se gera. Como afirmou José Mujica, ex-Presidente do Uruguai, quando compramos o último modelo de um smartphone, não o estamos a comprar com dinheiro, mas sim com o tempo de vida que gastamos a trabalhar, para ganhar dinheiro para o poder comprar.
Finalmente, o Mundo começa a perceber que o custo do Tempo na vida é aquele que mais interessa. O que foi moda nos anos 80 e 90, e que deu corpo ao movimento Yuppie ou aos Workaholics, revelou-se vazio ou mesmo ridículo. As consequências estão à vista. A prevalência de doenças como a depressão e a ansiedade subiu em flecha: ser dono de um império mas não ser dono do seu próprio tempo é hoje trocado de ânimo leve por uma vida bem mais inteligente e socialmente lógica.
O que realmente interessa é o capital intelectual, o intercâmbio de ideias e a construção partilhada, e acima de tudo ter Tempo para o que é realmente importante e disfrutá-lo com qualidade, quer seja a praticar desporto, a brincar com os nossos filhos ao fim do dia ou simplesmente a meditar no silêncio.
É por isso que hoje, nos países mais desenvolvidos, vemos CEOs de grandes multinacionais discutirem as capacidades da sua nova bicicleta, em vez da performance dos seus carros, que deixaram de usar. E vemos empresas Start-ups, que hoje valem milhões de dólares no NASDAQ, nascer uns meses antes no seio de espaços de trabalho alternativos como o Coworking, usufruindo muitas vezes das vantagens do trabalho remoto através dos Escritórios Virtuais.
Este Mundo não é para quem guarda o poder para si, mas para quem percebeu qual o poder que há em si quando faz o trabalho em equipa e permite que todos tenham tempo para outras coisas para além do trabalho. Os novos modelos de trabalho vieram também contribuir para este novo paradigma, que rejeita cada vez mais os Workaholicos e saúda aqueles que valorizam o Tempo.
Carlos Gonçalves
CEO Avila Business Centers |Avila Coworking
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