Porque é que o Coworking Corporativo faz sentido para as empresas? Não há como abordar o tema do Coworking Corporativo, na entrada da segunda década deste milénio, sem falar da palavra Escola. Se há 15 anos falar de coworking tinha um só significado: espaço de trabalho comum; hoje, falar simplesmente de coworking para definir um espaço de trabalho, é tão redutor quanto seria dizermos que temos estudos universitários numa determinada matéria, sem acrescentar que universidade frequentamos. Os espaços de coworking, como qualquer ‘produto’ de marketing, diferenciaram-se, segmentaram-se e criaram o seu próprio posicionamento. E tal como as melhores escolas, têm o seu estilo próprio e o seu método de contribuir para a produtividade de quem as frequenta; e o ambiente (e até o nível de serviço) que encontramos nestes espaços, ainda que vise sempre o melhor resultado, pode ser tão díspar quanto o que encontramos na Faculdade de Belas-Artes e na Universidade de Harvard. Mas numa coisa todos os espaços de coworking continuam a oferecer algo que é comum a todos eles: são, por definição, uma opção de baixo custo face aos escritórios tradicionais, com um ambiente propício ao networking e que, por essa e outras razões, propiciam a retenção de talento, o aumento de satisfação dos colaboradores e a sua produtividade. Os espaços de coworking, independentemente do seu estilo, são também um ignição para a comunicação e para a geração de ideias entre semelhantes e mesmo entre concorrentes. E é neste contexto que surge a menção ao outro significado da palavra Escola: Portugal, ao contrário de outros países, tem uma cultura tradicionalmente avessa à criação de Escola. Portugal tem dos melhores profissionais do Mundo em várias áreas, mas a nossa tendência em tapar com a mão a fórmula do nosso sucesso, a quem sabe menos; ou o nosso receio de perguntar, para não mostrar ignorância numa determinada matéria, faz com que seja difícil (senão impossível) a criação do espírito de Escola em tantas disciplinas nas quais Portugal poderia ser uma referência, se em vez da máxima ‘o segredo é a alma do negócio’, assumisse uma outra: 'a alma é o segredo do negócio’ e percebesse que, para quem tem talento e criatividade, só tem a ganhar com o convívio com concorrentes directos e parceiros indirectos. O país que foi sempre conhecido por ter futebolistas artistas e individualistas, foi Campeão Europeu à custa da Estratégia colectiva e sem a sua maior vedeta em campo, poucos anos depois de ter criado um evento como o Football Talks, onde profissionais e concorrentes de todo o Mundo, pousam as chuteiras por 3 dias partilham as suas melhores práticas de Gestão Desportiva. Noutro quadrante, marcas como BMW, Audi e Mercedes-Benz já o praticam há muitos anos: sempre que lançam um novo modelo, emprestam e recebem carros dos seus concorrentes, como forma de aprenderem as melhores práticas de inovação uns com os outros, porque confiam nos talentos que têm em casa e porque desta forma evitam ter de comprar e desmantelar os carros dos seus concorrentes. De alguma forma, estas marcas já perceberam o conceito de Escola (neste caso, a Escola da Engenharia Automóvel germânica) e as vantagens do coworking, independentemente da escola onde estudaram e da casa onde se formaram. Onde há talento individual, haverá sempre espaço para o crescimento colectivo. Carlos Gonçalves, CEO Avila Spaces |