Entre as várias reconhecidas características e idiossincrasias positivas do povo português em particular, e dos povos latinos no geral, há um conjunto de hábitos enraizados em várias gerações que, felizmente, têm sido alterados e mais aproximados da cultura anglo-saxónicas. Alguns desses hábitos, que se revelam tantas vezes tanto no mundo empresarial como no futebol "clubístico” são, por exemplo, o pouco respeito pelo ‘próximo’ numa lógica social; o hábito da competitividade movida pelo reconhecimento individual; a resistência à partilha de conhecimento; e, por consequência, a inexistência do fator "escola” em tantos sectores em que Portugal poderia ser uma referência Mundial. Espelho disso, é o Vinho. Temos dos melhores vinhos do Mundo, mas nunca soubemos trabalhar em equipa para defender o Vinho Português, como faz, por exemplo, a França, Itália ou o Chile, entre outros. Há alguns anos, quando a costa japonesa foi assolada por um tsunami, a fábrica da Nikon ficou parcialmente destruída, tendo como consequência avultados prejuízos e a paragem da produção de um modelo de câmaras que eram, na altura, estratégicas para a competitividade da marca. Mal este cenário foi tornado público, houve duas empresas que se apressaram em disponibilizar o seu apoio à Nikon, designadamente apoio financeiro: a Canon e a Pentax! Felizmente, as novas gerações, no que a estes hábitos concerne, preferiram olhar para o lado e depois para a frente do que olhar para trás, para os seus antepassados. Portugal, hoje, é um país onde os hábitos e modelos de trabalho estão bastante próximos dos outros países europeus e também dos modelos americanos. Os Virtual Offices proliferam. O Coworking é uma realidade, não só em termos de oferta, mas acima de tudo em termos de hábito instituído. Os portugueses e o número cada vez maior de estrangeiros que vivem em Portugal, habituaram-se a partilhar não só o espaço e os custos em espaços de coworking, mas acima de tudo a partilhar ideias, contactos e até o mesmo frigorífico e a mesa de almoço. Onde antes havia o hábito de trabalhar em casa, com assinaláveis quebras de produtividade, por razões várias e óbvias, hoje vive o prazer e a liberdade de se poder produzir onde se quiser, mas a vantagem de se poder contar com um local-âncora, quando é preciso trocar ideias, ter disciplina ou mesmo uma rotina salutar; e estar sempre aberto e atento à porta, porque pela porta dum cowork, entram novas oportunidades todos os dias. |