Dia 3 de Fevereiro de 2013, final da Superbowl, um dos mais importantes eventos nos Estados Unidos. Num dos famosos intervalos onde um anúncio de TV de 30 segundos tem um custo médio de 4,5 Milhões, a Colgate-Palmolive promoveu um desodorizante que acabou por entrar nos 30 melhores anúncios do Ad Barometer do US Today. Desconhecido era o processo criativo do anúncio e que o mesmo não estava reservado para a Superbowl. Um ano antes, a Colgate tinha lançado um desafio aos membros da Tongal – uma plataforma norte-americana com 40.000 produtores freelancers de vídeos. Queria um vídeo de 30 segundos apenas para a internet ao qual atribuiria 17.000€ ao melhor vídeo. O produto final foi tão bom que acabou por chegar à final da Superbowl onde apareceu ao lado de outros que custaram centenas de vezes mais. Só a Mercedes gastou mais de um milhão pela licença para usar uma música no seu anúncio. A plataforma Tongal não é caso único. A tecnologia tem ajudado à proliferação destas soluções. Diversas plataformas semelhantes e sectoriais – gestão e pagamento das comunidades de freelancers – estão hoje a multiplicar-se e a receber fortes investimentos de capitais de risco. Até uma das maiores empresas mundiais de recrutamento a Randstad investiu recentemente numa destas startups na Alemanha. No Estados Unidos a aplicação Handy conta actualmente com 5000 freelancers que executam trabalhos especializados a pedido, em dia e hora definidos. Um caso de sucesso. Em média cada um tem um rendimento médio mensal de 2.500 dólares. A congénere portuguesa Zaask iniciou em 2015 processo de internacionalização. De facto, a tecnologia e a comunidade de freelancers estão a redesenhar a natureza das empresas, a forma de trabalhar e mesmo as carreiras das pessoas. Nos EUA, um estudo recente da empresa de software Intuit aponta para que em 2020, 40% da força de trabalho (60 milhões) sejam freelancers. Se por um lado, estas plataformas tecnológicas e aplicações destinadas à comunidade de freelancers ganham também maior aceitação por parte dos clientes em todo o mundo, os novos modelos de trabalho (escritório virtuais/coworking) e a tecnologia em si vêm complementar a apoiar também o desenvolvimento destas comunidades de freelancers que procuram também cada vez mais soluções eficientes e de baixo custo para a sua actividade. Por exemplo, os Escritórios Virtuais permitem hoje que qualquer freelancer possa continuar a trabalhar em casa e com total flexibilidade e, ao mesmo tempo, beneficiar – a um preço quase insignificante – de um espaço central de prestígio para sediar a sua empresa, ter todo o apoio administrativo, atendimento personalizado para a sua actividade, recepção e ainda salas de trabalho totalmente equipadas para qualquer reunião pontual com clientes ou parceiros. Toda esta nova realidade e tendências mostram que os novos modelos de trabalho, a tecnologia, as aplicações mobile, os modelos baseados no conceito Uber e a Internet, além de estarem a transformar radicalmente e a reinventar os modelos de negócios tradicionais, estão igualmente a modificar a natureza das relações laborais e das carreiras tal como sempre os conhecemos. A ascensão das comunidades de freelancers são apenas mais uma faceta desta grande transformação em curso. |